- ATENÇÃO, O TEXTO ABAIXO É BEM ANTIGO E FOI REESCRITO A PARTIR DE UMA MATÉRIA DO JORNAL O GLOBO (NÃO CONSEGUI LEVANTAR A DATA DA PUBLICAÇÃO)
Um imóvel se destaca entre as casas mais humildes da Vila São Miguel, em Magalhães Bastos. Construído em um dos lados da Rua Princesa Leopoldina, próximo à linha férrea, o casarão da família Maria da Costa é um marco na região. Ali, segundo os moradores mais antigos, ainda no tempo do Império viveram fazendeiros portugueses. Hoje, apesar de sua importância histórica, a construção está abandonada.
O terreno que abriga o casarão, com mais de dez mil metros quadrados, serve de depósito de lixo. No local vivem duas famílias, que criam cavalos, galinhas e cães. Já as pessoas que moravam ilegalmente no interior do imóvel tiveram que sair, em razão do perigo de desabamento. Parte do prédio de dois andares já foi ao chão e os tijolos maciços estão à vista. Da imponência de outrora, restam algumas águias esculpidas em bronze, que enfeitam a parte superior da velha casa.
No entanto, apesar de toda a destruição, os amantes da arquitetura antiga ainda podem se deliciar apreciando os detalhes da construção. Não existe cimento: os tijolos são encaixados entre si, numa verdadeira obra de paciência. Além disso, no interior do prédio ainda existem vestígios de mármores do século passado, e todos os arcos que servem como enfeite resistem ao tempo.
O Departamento de Patrimônio da Secretaria Municipal de Cultura informou que não existe qualquer dado preciso sobre o casarão da Rua Princesa Leopoldina. No entanto, o Conselho de Tombamento de Bens vem realizando um cadastramento de imóveis na Zona Oeste. A partir desta listagem, na qual o prédio de Magalhães Bastos está incluído, serão programadas visitas de arquitetos e, posteriormente, as construções com importância histórica deverão ser tombadas pelo órgão.
Construído no tempo do Império na Rua Princesa Leopoldina, o velho casarão teria abrigado fazendeiros portugueses.
O precário estado da casa contrasta com a riqueza de detalhes, como o grande leão esculpido em pedra.
Um destino polêmico
O casarão de Magalhães Bastos provoca polêmica entre moradores da Vila São Miguel. A diretoria da associação de moradores defende o tombamento do prédio e o aproveitamento do terreno como área de lazer, enquanto outros gostariam que o local abrigasse uma escola.
A Secretaria de Cultura só costuma realizar tombamento de imóveis em regiões próximas ao centro da cidade. Esquece que em outros bairros do Rio de Janeiro também existem áreas a serem preservadas. A Zona Oeste é uma das principais prejudicadas. Imóveis como este, centenários, são deixados de lado — reclama Ricardo Cardoso de Souza, presidente da associação de moradores.
As águias feitas em bronze resistem ao tempo e ao abandono, que tem suas marcas na parede do imóvel de tijolos encaixados.
O casarão já foi visitado até mesmo pela Secretaria de Educação, para caso de ser transformado em escola. Na opinião de Ricardo de Souza, deveria ser feito um levantamento para se saber ao certo a necessidade de vagas escolares na região:
— Existem várias escolas no bairro. O que acontece é que a maioria precisa de reformas. A Mário Casasanta, por exemplo, está sendo ampliada. Enquanto isso, não existe sequer uma área de lazer em toda a região. Caso o casarão seja transformado em complexo esportivo, atenderia a essa necessidade. Seriam construídas quadras para os mais variados esportes e pistas de atletismo. Conseguiríamos, assim, estimular novos talentos esportivos da Zona Oeste.
O texto é de Adriana Pavlova | Extraído do arquivo do Jornal O Globo